Como declarar investimentos no Imposto de Renda sem dor de cabeça

Com o aumento da popularidade dos investimentos no Brasil, cada vez mais pessoas estão diversificando suas carteiras com ações, fundos imobiliários, criptomoedas e renda fixa.

No entanto, quando chega a temporada do Imposto de Renda, muitos investidores iniciantes e até experientes se sentem inseguros sobre como declarar corretamente seus rendimentos e ativos à Receita Federal.

É comum surgir a dúvida: preciso declarar tudo? Existe isenção em alguns casos? O que acontece se eu errar ou deixar de declarar?

Neste artigo, vamos esclarecer essas questões e apresentar um passo a passo para você declarar seus investimentos de forma simples, correta e sem estresse.

E se você também está começando a investir em ativos digitais, um guia para iniciantes em criptoativos pode ser útil para entender como reportar essas aplicações de forma adequada.

Saiba mais +

Quem precisa declarar investimentos?

Nem todo mundo é obrigado a declarar o Imposto de Renda. Mas, quando o assunto é investimento, alguns critérios impõem a obrigatoriedade da entrega da declaração, mesmo que a pessoa não tenha atingido o limite mínimo de rendimentos tributáveis. Veja os principais casos:

  • Pessoas que realizaram operações na Bolsa de Valores, ainda que com prejuízo;
  • Quem teve rendimentos isentos ou tributados exclusivamente na fonte acima de R$ 40 mil;
  • Aqueles que obtiveram ganho de capital com venda de bens ou direitos, incluindo criptoativos;
  • Contribuintes com patrimônio total superior a R$ 300 mil em 31 de dezembro do ano-base.

Se você se enquadra em alguma dessas situações, precisa ficar atento aos detalhes da sua declaração.

Quais investimentos precisam ser declarados?

De forma geral, todo tipo de investimento deve constar na sua declaração, seja ele isento, tributável ou sujeito à compensação de prejuízos. Veja os principais tipos:

  • Renda fixa: CDB, LCI, LCA, Tesouro Direto;
  • Renda variável: ações, opções, ETFs, BDRs, fundos imobiliários;
  • Fundos de investimento: multimercado, ações, cambiais;
  • Criptoativos: como Bitcoin, Ethereum e outros;
  • Previdência privada: PGBL e VGBL.

Cada um deles segue regras específicas quanto à forma de declaração, ao tipo de rendimento e à tributação envolvida.

Como declarar cada tipo de investimento

Renda fixa e fundos de investimento

Esses investimentos devem ser informados em duas fichas:

  1. Bens e Direitos: informe o saldo investido até 31/12 do ano-base.
  2. Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva/Definitiva: registre os rendimentos recebidos ao longo do ano.

Os bancos e corretoras disponibilizam um informe de rendimentos com todas essas informações. Basta copiar os dados com atenção, respeitando os códigos corretos.

Ações e renda variável

Para quem investe em ações, é obrigatório declarar:

  • Bens e Direitos: quantidade de ações e custo médio de aquisição até 31/12.
  • Rendimentos Isentos: vendas de até R$ 20 mil por mês com lucro são isentas e devem ser declaradas.
  • Ganhos de Capital: se houver lucro acima do limite isento, o imposto é de 15% e deve ser recolhido até o mês seguinte à venda, por meio do DARF.

Use planilhas ou softwares para controlar operações mensais e facilitar o preenchimento da declaração.

Criptoativos

Com a crescente adoção das criptomoedas, a Receita Federal passou a exigir a declaração desses ativos com mais rigor. O contribuinte deve declarar:

  • Bens e Direitos: código específico para criptoativos, com a quantidade e o valor de aquisição até 31/12.
  • Ganhos de Capital: vendas que somam mais de R$ 35 mil em um único mês, com lucro, são tributadas.

Informações importantes para não cair na malha fina

  1. Nunca arredonde valores: utilize exatamente os valores informados pelas instituições financeiras.
  2. Informe todos os investimentos, mesmo os isentos: a omissão pode gerar inconsistências.
  3. Utilize os informes de rendimentos: eles trazem os dados prontos para inserir na declaração.
  4. Atualize a cada ano: os investimentos devem ser declarados mesmo que não tenham gerado lucro ou resgate.
  5. Não confunda rendimento com patrimônio: o saldo investido vai na ficha de bens, o rendimento vai na ficha de rendimentos.

Como usar a ficha de “Bens e Direitos”

Na nova estrutura da ficha de “Bens e Direitos”, é necessário escolher o grupo e código corretos para cada tipo de investimento. Por exemplo:

  • Grupo 04 – Aplicações e Investimentos:
    • Código 01: Depósito em conta corrente;
    • Código 02: Caderneta de poupança;
    • Código 03: CDB, RDB e outros investimentos;
    • Código 04: Ações (inclusive as de empresas no exterior);
    • Código 05: Fundos de investimento;
    • Código 08: Criptoativos (com subcódigos para diferentes moedas).

Descreva o tipo de ativo, instituição financeira, quantidade e valor pago. Não é necessário atualizar pelo valor de mercado.

Preciso pagar imposto pelos investimentos?

Nem todos os investimentos implicam pagamento de imposto diretamente na declaração. Muitos já sofrem tributação na fonte ou exigem recolhimento mensal via DARF, como no caso de ações, FIIs e criptomoedas.

A declaração do IR tem caráter informativo, mas não exime o contribuinte de manter o recolhimento em dia.

Se houve lucro com ações, fundos imobiliários ou criptos, o imposto deve ter sido pago mês a mês. A declaração anual apenas consolida essas informações.

Ferramentas que facilitam sua vida

Atualmente, há diversos recursos que ajudam na organização dos dados para o IR:

  • Aplicativos de controle de carteira;
  • Planilhas automatizadas para cálculo de DARF;
  • Plataformas que consolidam movimentações em renda variável;
  • Contadores especializados em investidores.

Utilizar essas soluções pode evitar erros e atrasos, tornando o processo menos estressante.

Declarar investimentos no Imposto de Renda pode parecer complicado, mas com organização e atenção às regras da Receita Federal, o processo se torna mais tranquilo.

Ter os documentos em mãos, seguir os códigos corretos e entender o funcionamento de cada tipo de aplicação é essencial para garantir uma entrega segura e dentro do prazo.

Se você está começando a diversificar sua carteira, inclusive com ativos digitais, não deixe de consultar um guia para iniciantes em criptoativos, pois ele pode ser um ótimo aliado para evitar dores de cabeça no futuro. Informação e planejamento são os maiores aliados do investidor consciente.

Espero que o conteúdo sobre Como declarar investimentos no Imposto de Renda sem dor de cabeça tenha sido de grande valia, separamos para você outros tão bom quanto na categoria Negócios e Política

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